Para acordar a população diante dos inúmeros crimes
praticados por alguns políticos, será lançada a campanha Não Aceito Corrupção,
uma iniciativa do Movimento do Ministério Público Democrático (MPD), que criou
um 0800 para quem estiver interessado em receber propina.
A peça, que será veiculada em veículos impressos, trará
apenas a mensagem “aceito propina” e um número telefônico, mas ao invés de pedir
a conta bancária do interessado, o locutor do outro lado da linha dará uma
“lição de moral” a quem se atrever a ligar.
Segundo Augusto Diegues, diretor da agência Flag
Comunicação, responsável pela campanha, o objetivo da ação – que contará ainda
com filmes para TV e cinema, peças para a internet e spots de rádio -, foi
chamar a atenção para um problema que não está restrito a Brasília.
A ação contará com um site (cujo endereço será divulgado nas
peças), pelo qual a pessoa pode fazer denúncias, que serão enviadas diretamente
aos Ministérios Públicos dos Estados.
Diegues explica que “a ação foi pensada no final do ano
passado, muito antes dessa crise (do CPI do Cachoeira, que investiga a ligação
de políticos com o jogo do bicho). Daqui a pouco acaba essa CPI, e aí, o que
fazemos? Então quisemos, além de chamar a atenção, mostrar que é possível fazer
alguma coisa para diminuir a corrupção no País.”
Nas próximas semanas, serão veiculados dois filmes de 30
segundos na TV, produzidos pela O2 Filmes, sob a direção de Quico Meirelles,
filho do cineasta Fernando Meirelles. A ideia foi retratar como as pequenas
ações, atribuídas ao “jeitinho brasileiro”, causam estragos na sociedade.
“Ao mostrar a corrupção no meio privado tentamos aproximar o
tema da população, que muitas vezes ignora seu papel na solução desse
problema”, afirma Quico, lembrando que tanto a produtora quanto a agência
desenvolveram o trabalho gratuitamente. “Todos abraçaram a causa, desde os
atores até o buffet (que serviu o coquetel no evento de lançamento, em São
Paulo), então existe um engajamento muito bacana”.
Para o procurador-geral da Justiça de São Paulo, Márcio
Fernando Elias Rosa, a iniciativa “é oportuna e atemporal”, e deve ser abraçada
pela sociedade civil como um todo. “O combate à corrupção não é um problema
contemporâneo. Lamentavelmente, é um problema permanente e de todos”.
É muito difícil uma campanha desta atingir o objetivo
esperado, mas como diz o poeta, surge como a “esperança na esperança”.
Por Paulo Peres – Tribuna da Imprensa
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