No último dia 21 de maio, o professor da rede estadual de
ensino, em Riachão do Jacuípe, Evando de Oliveira, publicou o texto “Carta aos
Professores”, no grupo Professores do Estado da Bahia. Confira:
Caros, colegas. Se chegamos até aqui, é por que ainda temos
mais forças de ir além. Sei que a questão é delicada quanto se trata de renda,
dinheiro. Assim como eu, muitos outros colegas apenas dispõem dessa única fonte
para sobreviver e pagar os nossos credores. É muito difícil para uns, talvez
menos difícil para outros. O quê se fazer em um momento desse?Mesmo assim,
respeitando a realidade e a posição de cada um, continuo na LUTA não só pelo
provável aumento salarial, mas, principalmente, pela nossa DIGNIDADE E
VALORIZAÇÃO DE NOSSA PROFISSÃO - PROFESSOR.Sabemos que os nossos alunos também
têm prejuízo com tudo isso, aliás toda a sociedade perde. Se não geramos
riqueza$ de imediato, a longo e médio prazos acumulamos, sem dúvida, uma das
maiores riquezas de uma nação - A EDUCAÇÃO DO SEU POVO.E quando termina a greve?
Vamos ter aulas todos os sábados? Vamos ter férias? O ano letivo está
comprometido? Vamos repôr aulas? O governo vai restituir os nossos salários? A
greve é ilegal mesmo? Vamos ser perseguidos pelo governo e pelos pelegos? Como
vou pagar as contas do fim do mês? O que vamos fazer de agora em diante...?Com
certeza, algum desses questionamentos já povoou as nossas "cabeças"
nesses últimos dias, ou algum colega, alunos ou pais já nos interpelaram com
essas indagações. O pior disso tudo é não termos um feedback do que realmente
está acontecendo. Esse silêncio que precede uma assembleia à outra, por alguns
instantes, nos deixa à deriva nesse mar de descaso e apatia que se tornou a
Educação da Bahia.Vejo de suma importância as assembleias, as atividades nas zonais,
as reuniões e eventos em cada município, as postagens nas redes sociais, etc.,
e acredito que essa união de alguns colegas é o que nos mantém
"vivos" nesta batalha. Todavia, é chegada a hora de se ter uma reação
mais impactante, ou seja, o BRASIL precisa saber que os alunos estão sem aulas
há mais de 40 dias e que os professores estão com os seus salários cortados e
vivendo momentos de tortura psicológica no Estado da Bahia.Quando falo em
reação impactante, refiro-me a uma resposta da APLB à nota divulgada pelo
governo às redes de televisão sobre a nossa greve, inclusive colocando um ganho
salarial que não condiz com toda a coletividade. Pedir mais apoio às outras
classes de trabalhadores, às universidades, aos intelectuais, aos artistas, aos
movimentos sociais, usar outros meios de comunicação também possíveis:
televisão, rádio, outdoor, etc.,; se não temos um carnaval para ameaçar, o que
realmente temos de trunfo???Sei que são importantes essas nossas postagens,
esse compartilhar de notícias, esse diálogo virtual, todavia, vejo também, que
esses nossas reflexões coerentes e contundentes acabam ficando por aqui mesmo,
virando “publicações antigas”. Diante do universo de postagens e atrativos
desse mundo virtual, que lugar ocupa a nossa página? A quem será que se
destina...? Não estou querendo dizer com isso que está sendo em vão utilizar
esse instrumento imprescindível que é a internet, pelo contrário, essa
ferramenta tem que ser nosso exercício diário, mas quero acrescentar que
somente ela não será capaz de alcançar nosso objetivo. Está na hora do corpo a
corpo, se não pararmos o trânsito, usemos o sinal “vermelho” para mostrar a
nossa voz, o nosso contracheque, os alunos sem aula, a nosso labor sendo
ceifado por uma intransigência e por um ego inflado daquele que se dize
preocupado com a educação de nossa gente. “ESTAMOS NA LUTA PRA SOBREVIVER...”
"É muito melhor arriscar coisas grandiosas, alcançar
triunfos e glórias, mesmo expondo-se a derrota, do que formar fila com os
pobres de espírito que nem gozam muito nem sofrem muito, porque vivem nessa
penumbra cinzenta que não conhece vitória nem derrota". (Theodore
Roosevelt).
Evando de Oliveira - Prof. Riachão do Jacuípe.
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